Celebre toda e qualquer conquista!

Quando pesquisei sobre a síndrome dos ovários policísticos e sobre hirsutismo pela primeira vez me deparei com matérias desoladoras. Para além da falta de profundidade no assunto, de muitas delas, o único interesse era ressaltar que a condição não tem cura.

Mas eu não desisti. Pesquisei em vários lugares. Procurei as mais recentes pesquisas científicas (em maioria estrangeiras, então lia só as norte-americanas e britânicas porque só conheço essa língua) e vasculhei em todos os fóruns e grupos possíveis. Não adiantou. Nenhuma notícia animadora.

Como último respiro da minha esperança eu entrei no consultório do endocrinologista esperando um milagre. Mas eu não encontrei. Infelizmente, a SOP é uma condição permanente e o hirsutismo, quando de fundo hormonal, também. Porém, o médico que me atendeu não poderia ter sido melhor. Ele me olhou com firmeza e disse: _Sim, é uma condição permanente. Mas com determinação nós iremos controlá-la e reduzir todos os seus efeitos!



Eu saí tão feliz de lá! Eu comemorei aquele encontro. E não poderia estar mais correta!

Pode parecer papinho de autoajuda o que vou escrever agora. E talvez seja mesmo. Mas o mais efetivo de todos: toda etapa vencida, por menor que seja, deve ser celebrada! Toda mulher que encara um diagnóstico irreversível precisa se agarrar nas conquistas diárias para conseguir lidar com o desequilíbrio que acompanha a síndrome. E o papo é sério: eu experimentei períodos de depressão profunda. Sem vontade de sair do quarto mesmo.

Tudo que eu tentava em termos de depilação, por exemplo, e não funcionava me derrubava. Lembro de voltar de uma sessão de eletrólise (única que meu dinheiro podia pagar, na época) e chegar para a minha mãe e dizer que tudo estava acabado. Chorei muito. Passei o resto do dia na cama, sem nem ao menos me mover. Foi terrível!

Sair daquela situação foi difícil. Ainda é. Mas aquela primeira consulta, e aquela celebração boba (de pulinhos no meio da rua a um telefonema emocionado pra minha mãe) me ajudou muito. E foi assim com todas as outras etapas: a primeira sessão de depilação a laser; a primeira vez que fiz a depilação com linha; a primeira descoloração.

São momentos simples que me trouxeram a força necessária para continuar. E eu me agarro nisso todos os dias. Mesmo agora, que as conquistas parecem ter desaparecido. Acordar e perceber que não senti mais enjo com o remédio me transforma na melhor pessoa do mundo!

Então, meninas, pratiquem essa celebração diária. Não desistam nunca. "Não ter cura" não pode significar "não ter vida!". VAMOS CONTINUAR LUTANDO. ISSO NÃO PODE, E NÃO VAI, NOS DERRUBAR.

Um grande abraço em todas vocês.

Ps: Ainda tem dúvidas? Me escreva! Na barra lateral disponibilizei uma caixinha de contato. Recebo direto no meu e-mail. Mas se quiser mandar para minha caixa também, aqui vai meu contato: lutacontrahirsutismo@gmail.com

Um comentário:

  1. Muito obrigada por ter feito esse blog. Acabei de conhecer, mas o pouco que li já me ajudou bastante. Sofro com os efeitos da SOF desde os 12 anos e me espanta a dificuldade de encontrar informações sobre isso e do quão pouco a medicina avançou nesse sentido. Parece que qualquer médico que eu vá só sabe repetir mecanicamente Diane 35 e Metformina. A médica que me diagnosticou com a síndrome pela primeira vez ainda dizia que tomando o anticoncepcional, meus pelos em excesso iriam cair, mas após usar por 10 anos, quase não tive resultados. Enfim, fiquei 2 anos sem tratamento por achar que esse não fazia diferença. Percebi o quanto estava errada. Apesar de não curar os sintomas, o tratamento impede que eles evoluam ainda mais, o que ocorreu de forma desastrosas nesses anos. Hoje voltei a me tratar e estou procurando outras alternativas. Muito obrigada pela iniciativa em criar esse espaço! Você não imagina o quanto fez meu dia simplesmente em saber que não estou sozinha.

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