Começo de tudo.

Não é fácil! Este é, com certeza, o primeiro pensamento que me vem à mente quando penso sobre o meu problema: o hirsutismo. E penso assim por diversos motivos que pretendo compartilhar neste primeiro post de desabafo e de pequena introdução.

Mas, antes de dar início ao meu relato com esta condição física, preciso esclarecer meus objetivos e minhas motivações para iniciar este blog. Há dois anos fui pré-diagnosticada pelo meu ginecologista com a S.O.P: Síndrome do Ovário policístico. Digo "pré" porque os sintomas foram inicialmente os determinantes para esta avaliação prévia. Dos 18 ao 21 anos comecei a ter espinhas no rosto. No início elas eram discretas e bastante espaçadas, mas incomodavam bastante pelo fato de eu ter passado pela minha puberdade e adolescência sem o incômodo delas. Aos 21, os pelos faciais começaram a engrossar e a ocuparem maiores áreas. Por exemplo, se antes eu tinha poucos pelos no buço, no queixo e uma costeleta discreta, passei a apresentar um quadro complicado de controle dos pelos em todos estes lugares. Chegando mesmo a ter pelos encravados no queixo e um quadro de barba "pré-adolescente".

Antes de qualquer exame o médico me disse: esse quadro pode ser um indicativo de S.O.P e nós iremos realizar alguns exames. O exame recomendado foi o de ultrassonografia pélvica. Fiz o exame, mas os anos corridos da graduação me fizeram esquecer por completo as minhas obrigações com a saúde: eu simplesmente não retornei ao ginecologista.

Um ano depois o quadro piorou drasticamente. A pele do meu rosto apresentava muito sebo e bastante acne. A situação do queixo era incontrolável e cheguei mesmo a sentir dores pela quantidade de inflamação no local. Sem contar as cólicas e dores abdominais de tirar o fôlego. Só isso para fazer lembrar-me do meu corpo.

Então retornei ao ginecologista que, enfim, analisou minha primeira ultrassonografia. Segundo ele, eu já apresentava alguns micros cistos no ovário, mas ele precisava de outro exame para confirmação, já que me afastei por um ano do seu consultório. Refiz os exames, mas nesse intervalo o meu ginecologista adoeceu e veio a falecer. Um caos. Já estava sofrendo com o avanço do quadro e agora com a morte repentina do meu médico. Então comecei a pesquisar na internet tudo o que eu podia, sem nem ao menos saber o que eu tinha de verdade.

Marquei uma consulta com uma nova médica e ela analisou meu ultrassom verificando um aumento exagerado dos meus ovários e uma presença grande de micro cistos nos mesmo. Estava finalmente diagnosticada a S.O.P. Mas a médica não soube me explicar sobre os efeitos (acne, pelos em excesso, etc.). Apenas me passou um remédio, o anticoncepcional Diane 35, afirmando que este era o melhor tratamento para o meu caso. Eu deveria voltar em três meses para avaliar os resultados, mas ela orientou que eu não esperasse muito em menos de um ano. Eu saí chorando do consultório.

Mas não desisti. Passei noites em claro em frente ao computador. As informações eram incompletas, confusas, esparsas. Mas uma delas eu segui: procure um endocrinologista. E assim eu fiz. Na primeira consulta eu obtive todas as respostas possíveis para o meu problema, apesar de não ter nada confirmado. Ele me informou que o hirsutismo, caracterizado como excesso de hormônios masculinos no corpo da mulher, ou uma sensibilidade aumentada aos efeitos do mesmo, era apenas um sintoma e que nós deveríamos buscar as causas do meu problema. Tivemos uma conversa longa e saí de lá com uma lista de exames para realizar.

Nessa trajetória eu percebi o que realmente falta para mulheres na mesma situação que eu é informação disponível e um espaço para trocar experiências e proporcionar uma força coletiva. O que eu encontrei pela internet, em sua maioria, foram sites, blogs com definições sobre o sintoma e só. Mas nos comentários dos textos eu vi surgir um grupo de mulheres preocupadas com seu corpo e sua saúde, mas sem nenhuma informação sobre como lidar com o problema.

Posto isso, criei este blog para trocar com todas estas mulheres as minhas experiências com o tratamento que irei iniciar e para criar um espaço de diálogo entre todas nós portadoras do problema. Há todo o momento eu encontrei motivos para desanimar. Estou fazendo análise porque em um determinado momento da minha trajetória eu simplesmente desabei em uma melancolia profunda. Mas não posso me abater assim. Preciso estar confiante e disposta a me tratar. E preciso passar toda essa força para mulheres que, como eu, vivem o mesmo dilema. 

Até as próximas postagens.